O papel da família na formação de novos leitores

Escrito por Tania Zagury

Publicado em 01 Setembro 2015

"É bem frequente pais me perguntarem o que podem fazer para que os filhos gostem de ler. Um grande desafio de fato, hoje, em que as novas gerações já nascem sob a influência high tech. A começar quando papais orgulhosos adentram as salas de parto, equipados de amor, ansiedade e com a indefectível filmadora que, anos depois, terá a surpreendente missão de fazer com que se presencie o próprio nascimento. Impensável há pouco tempo, hoje ela é parte quase tão importante quanto a presença da mamãe que dará a luz. Verdade é que nossas crianças começam, a partir desse momento, a utilizar as multimídias que se agregam à rotina diária. São babás eletrônicas, jogos eletrônicos e TVs por toda a casa, computadores, DVDs etc., que acompanham os filhotes desde os primeiros passos. Em casas chiquérrimas, é presença habitual também sofisticados bares, com o melhor das bebidas estrangeiras. Ao se percorrer as páginas de revistas de decoração, que encantam e se tornam sonhos de consumo da maioria, procura-se – mas só se encontra com dificuldade – o local onde se abrigam livros...

Estantes, sim, há em escritórios, adornadas, porém com belíssimas obras do design moderno, aparelhagens de som sofisticadas. Mas onde estão os livros? Para que nossos filhos gostem de ler, há uma premissa: é preciso que nós amemos ler. Que nossa casa tenha livros, de assuntos diversos, em estantes abarrotadas nem muito arrumadas: livros esquecidos, marcados pelo amor do leitor enfeitiçado. O que mais? O mais é incluir nos programas de domingo, além da rotina de passear e ir ao shopping, a parada compulsiva e irrefreável na livraria – só para ver e se apaixonar pelos novos lançamentos.

À noitinha, família reunida, papai e mamãe folheando livroscom as crianças (televisãodesligada!?): outramarcaque deixaremos na alma de nossosfilhos. Lembrança forte, muitosanosdepois. E, antes de dormir, aconchegados ao peito dos adultos queridos, a horamágicaemque, pouco a pouco, ao som de uma história contada comemoção, a criança vai adormecendo, entre sonho e fantasia... É assim que, ano apósano, com perseverança, fazendo do encanto de ler realidade palpável, transforma-se a criança em um amantefiel da leitura."

Artigo publicado na edição de junho de 2015, revista "Gestão Educacional". 

Comentários